domingo, 24 de junho de 2007

Bacalhau n' «O sentido do gosto»

(Silva Ramos e José Bento dos Santos)


«O comandante do navio-escola «Creoula», Silva Ramos, é o anfitrião de José Bento dos Santos, no programa «O sentido do gosto» que vai para o ar, hoje, às 11 horas, na RTP 1. O programa de hoje é subordinado à temática do bacalhau e foi gravado no único bacalhoeiro português a navegar desde 1937 - o «Creoula». Trata-se de uma lição sobre as origens, características e técnicas de captura utilizadas na pesca do bacalhau durante quatro décadas. Não são por isso esquecidos os navios «Dori», característicos das frotas de pesca portuguesas, nos quais "cada pescador era o capitão do seu próprio navio", já que viajava sozinho. Nesta viagem pela história do bacalhau, José Bento dos Santos oferece-nos algumas receitas como "Bacalhau Brandade", "Bacalhau à Pil-Pil" e um original "Cozido à Portuguesa de Bacalhau".

In [Jornal de Notícias]

sexta-feira, 15 de junho de 2007

Universidade Itinerante do Mar

Porto, 15 Jun (Lusa) - Dez estudantes do ensino secundário deverão participar, este ano, na Universidade Itinerante do Mar (UIM), uma iniciativa conjunta das universidades do Porto e de Oviedo (Espanha) e da Marinha Portuguesa, anunciou hoje fonte da Universidade do Porto. A UIM é um projecto que vai transformar o navio-escola "Creoula" numa universidade itinerante durante o mês de Agosto.

Esta será a segunda edição do projecto, que visa "formar e sensibilizar estudantes universitários para a relação histórica, cultural, económica e científica entre a Europa e o Mar".

A edição de 2006 contou com a participação de 74 jovens universitários, sendo que este ano a iniciativa abre-se a dez estudantes do secundário. Em comunicado, a Universidade do Porto adianta que alunos dos 10º, 11º e 12º anos poderão candidatar-se a participar nesta UIM até dia 22, para assim integrar uma tripulação de "marinheiros" das duas universidades.

A iniciativa decorrerá, à semelhança do ano passado, em dois cursos diferentes. O primeiro, a decorrer na primeira quinzena de Agosto, arrancará na Escola Naval do Alfeite, em Lisboa, devendo os participantes embarcar no navio-escola no dia cinco, em Barcelona.

O segundo grupo reúne-se a 12 de Agosto, nas Astúrias, iniciando, a partir de Palma de Maiorca, uma viagem com regresso marcado para 26 de Agosto.Os cursos, este ano subordinados ao tema "O Mediterrâneo, um Espaço de Encontro entre Culturas", incluem formação em terra e no mar, sendo que a bordo do "Creoula" os participantes "vão complementar a formação itinerante com uma vivência intensiva da lide quotidiana do veleiro".

Os estudantes do secundário que se queiram candidatar a esta experiência deverão fazê-lo junto da Universidade do Porto, por telefone ou e-mail (educacao.continua@reit.up.pt).O processo de selecção dos candidatos irá ter em conta a aprovação num conjunto de vários exames médicos e todos os estudantes devem saber nadar.»

Fonte: Agência Lusa

quinta-feira, 14 de junho de 2007

«Creoula» vai este ano albergar dez alunos do secundário

Universidade Itinerante alarga tripulação à conquista dos mares da Europa

«Trinta e dois estudantes da Universidade do Porto (UP) vão partir à “descoberta” do Mar Mediterrâneo, durante a II Universidade Itinerante do Mar (UIM). Trata-se do segundo capítulo da expedição do conhecimento proposta pelo projecto promovido pela UP, em parceria com a Universidade de Oviedo (Espanha). Formar e sensibilizar estudantes universitários para a relação histórica, cultural, económica e científica entre a Europa e o Mar são os grandes objectivos de uma iniciativa que, em 2006, levou 84 jovens a cumprir o primeiro “caminho marítimo” para a UIM.

A grande novidade desta edição passa pela participação inédita de alunos do ensino secundário. Terminadas que estão as candidaturas para oficiais superiores – entenda-se, universitários -, são dez os estudantes do 11º e 12º anos que, até 22 de Junho, se podem candidatar a fazer parte da tripulação de 74 “marinheiros” das universidades do Porto, de Oviedo e - pela primeira vez - do Algarve que vão subir a bordo do navio-escola “Creoula”. Assim se apresenta o veleiro da Armada Portuguesa reconvertido para possibilitar a vivência de jovens no mar e que, após cruzar os mares da Terra Nova durante 40 anos, volta a ser o centro da “missão UIM”.

Reunida a tripulação e a nau, falta traçar o melhor rumo para uma aventura que, à semelhança do ano passado, vai decorrer durante o mês de Agosto, em dois cursos diferentes. A decorrer de 1 a 14 de Agosto, o primeiro curso arranca na Escola Naval do Alfeite, em Lisboa, devendo os alunos subir a bordo do “Creoula” no dia 5, em pleno porto de Barcelona, para voltar via Palma de Maiorca. Já o segundo grupo reúne-se, a 12 de Agosto, na cidade de Avilés (Astúrias), iniciando, a partir de Palma de Maiorca, uma viagem com regresso marcado para o dia 26.
Os dois cursos contam com a participação de estudantes portugueses e espanhóis que vão começar por ter formação em terra. A mesma compõe-se de quatro seminários relacionados com o tema que marca a edição deste ano da UIM: “O Mediterrâneo, um Espaço de Encontro entre Culturas”. Assimilada a teoria, e já a bordo do “Creoula”, os participantes vão complementar a formação itinerante com uma vivência intensiva da lide quotidiana do veleiro. Aqui, os “marinheiros” da UIM poderão trocar experiências para recordar num diário de bordo que, par ao primeiro curso, registará ainda passagens por Ajaccio (Córsega) e Mahón (ilha de Menorca). Já o segundo curso deixará a sua marca em Tânger e Portimão. Todos os estudantes terão também que realizar um projecto final com as suas “conquistas”, a ser entregue, já longe dos mares, a 5 de Novembro.»

In «Ciência Hoje», 2007-06-14
ADENDA: Notícia igualmente divulgada pelo «Barlavento Online» [AQUI]!!...

REVISTA DA ARMADA - Junho de 2007

CELEBRAR O MAR


«O mar é um elemento decisivo da construção de Portugal e da afirmação consciente do ser português. Foi do mar que brotou a alma colectiva que edificou a nossa Pátria, com a convicção íntima de si própria, e o seu carácter vincadamente diferenciado. É o mar que nos permitirá manter um conceito de vida português, distinto, por exemplo, de outros povos amigos com quem partilhamos o projecto político de formação de uma nova Europa.
Todavia, vivemos num estado de insensibilidade colectiva relativamente ao mar! Por isso, é tão débil a noção de que o mar confere ao país uma capacidade de afirmação internacional muito maior do que aquela que decorre da dimensão física do seu território. Por isso, são tão desvalorizadas as ameaças à segurança nacional que, através do mar, encontram um mais fácil acesso. Por isso, se tira tão pouco partido da função do mar enquanto via de comunicação global de pessoas e bens. Por isso, se continua a poluir o mar, em níveis tão elevados, a exercer uma tremenda pressão urbanística sobre os espaços litorais, e a sobreexplorar os recursos marinhos.É a nossa actual indiferença mental relativamente ao mar, que nos impede de percepcionar convenientemente a sua importância para elevar e robustecer Portugal. Este problema é grave, e a sua solução passa, em primeira instância, por um enriquecimento da cultura marítima dos portugueses, porque só ela permitirá desenvolver os níveis de consciência necessários para se entender o real valor do mar para o nosso país.
A cultura marítima, em sentido filosófico, designa a vida intelectual ou o pensamento crítico e reflexivo dos portugueses sobre o mar. Por um lado, compreende o estudo das ciências e das artes ligadas ao mar e, por outro lado, aplica-se à designação de um estado de perfeição intelectual e moral sobre os assuntos do mar, normalmente atingido apenas por algumas elites nacionais.Em sentido sociológico, a cultura marítima traduz o conjunto de estilos, de métodos e de valores materiais que, juntamente com os bens morais relacionados com o mar, foram adoptados pelos portugueses. Neste contexto, abrange quer um acervo de apetrechos e de instrumentos marítimos, quer um conjunto de hábitos corporais ou mentais marítimos, que servem directamente para a satisfação das necessidades de desenvolvimento e segurança dos portugueses.
A contradição aparente entre a natureza psicológica do homem e o facto de que a cultura marítima, em sentido sociológico, transcende o indivíduo, deu origem, entre nós, ao conceito metafísico de mentalidade marítima. Foi este conceito filosófico e artístico, que fez nascer Portugal como pátria de um povo marítimo. No entanto, na actualidade precisa de ser fortalecido, para que, usando o mar, possamos valorizar o que fomos, o que somos e o que queremos ser, e que possamos pensar o mar como elemento fulcral da nossa vida colectiva, em função do qual poderemos conceber e pôr em prática os novos grandes projectos nacionais. Estes, serão assumidos por uma faculdade ou potência interior, em virtude da qual cada português manifestará um desejo, uma intenção, uma pretensão, uma tendência, uma disposição de espírito, ou uma propensão mais ou menos irresistível para a realização de actos de génese marítima. Isto é, cada um de nós determinar-se-á fazer o que lhe compete na óptica do interesse nacional, tendo o mar como referência. Será esta força intangível, vulgarmente designada por vontade marítima nacional e composta por fundamentos espirituais, intelectuais e materiais, que permitirá a mobilização dos portugueses na prossecução daqueles projectos colectivos, garantindo os desempenhos estratégicos que elevarão e robustecerão Portugal.
A Marinha, ao celebrar anualmente o mar a 20 de Maio, evoca a data histórica da chegada de Vasco da Gama a Calecute, e procura fortalecer a mentalidade marítima dos portugueses e animar os fundamentos espirituais, intelectuais e materiais da vontade marítima nacional. Para isso, as nossas cerimónias estimulam os sentimentos, as ideias e as tradições do povo relativamente ao mar, partilhando o acervo tão diversificado do Museu de Marinha, do Aquário Vasco da Gama e do Planetário Calouste Gulbenkian. As iniciativas da Comissão Cultural da Marinha, da Academia de Marinha, da Biblioteca Central da Marinha, da Escola Naval, do Instituto Hidrográfico, da Revista da Armada e da Banda da Armada, divulgam as artes e ciências ligadas ao mar e contribuem para o aperfeiçoamento intelectual e moral dos portugueses sobre os assuntos do mar. A presença dos navios, dos fuzileiros e dos mergulhadores, bem como dos vários organismos da Direcção-Geral da Autoridade Marítima e da Polícia Marítima, têm como propósito fundamental evocar a presença de Portugal no mar.
Ao CELEBRAR O MAR, a Marinha festeja um passado que importa preservar e projectar no futuro que se quer construir, abrindo novas oportunidades à Nação. Porém, mais do que um momento de exaltação corporativa, é sempre uma manifestação inequívoca da perfeita e secular simbiose do País com a sua Marinha.»
In «REVISTA DA ARMADA» (fotografias e texto), edição de Junho de 2007