Por Marta Duarte (texto) e Virgílio Rodrigues (fotos), da agência Lusa
Ponta Delgada, 19 Mai (Lusa) - A expedição do "Creoula" até aos Açores é terreno fértil para investigadores de diferentes quadrantes, entre biólogos, cientistas ligados à Oceanografia, Biotecnologia ou Química, cada um centrado na recolha de material específico para o seu estudo.
Em cada mergulho, os investigadores trazem à superfície diferentes espécies de peixes, algas, esponjas e lesmas marinhas, este último grupo analisado depois criteriosamente à lupa no laboratório de campanha montado na biblioteca do navio.
Em cada mergulho, os investigadores trazem à superfície diferentes espécies de peixes, algas, esponjas e lesmas marinhas, este último grupo analisado depois criteriosamente à lupa no laboratório de campanha montado na biblioteca do navio.
A "LusoExpedição Olympus 2007", organizada pela Universidade Lusófona, reúne cientistas e alunos daquela instituição e das Universidades dos Açores, Algarve e Porto, que vão mergulhar nas águas do Atlântico Norte em busca de material que demorará meses até ser analisado por completo.
É nos ilhéus das Formigas e banco de Dollabarat, ao largo de Santa Maria e São Miguel, que se centrarão boa parte dos mergulhos, mas a chegada aos Açores dois dias antes do previsto permitiu descer logo à água junto ao ilhéu de Vila Franca do Campo.
"Um dos nossos grandes objectivos é perceber como é que as espécies desta zona aqui chegaram, pois sendo as ilhas de origem vulcânica, só terão aparecido quando estas se formaram", refere Frederico Almada, professor da Lusófona e coordenador interino da missão.
Joana Boavida, investigadora da Universidade do Algarve, além de participar nos mergulhos como bióloga, está também a trabalhar a bordo do navio como observadora de aves marinhas para a Sociedade Portuguesa de Estudo das Aves (SPEA).
Joana Boavida, investigadora da Universidade do Algarve, além de participar nos mergulhos como bióloga, está também a trabalhar a bordo do navio como observadora de aves marinhas para a Sociedade Portuguesa de Estudo das Aves (SPEA).
Munida de binóculos, aparelho de GPS e bloco de notas, é comum vê-la logo pela manhã ou ao final da tarde, momentos mais propícios para a observação, a tirar notas sobre as características e comportamento das aves.
O objectivo é criar uma base de dados nacional, ao abrigo do projecto internacional "Life", para definir áreas importantes para os animais, o que servirá de base à criação de estatutos legais de protecção de reservas ou áreas marinhas.
O interesse de Madalena Humanes, professora de Química na Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa (FCUL) é bem diferente: obter amostras de esponjas marinhas cujos componentes possam ser reproduzidos em laboratório para produzir medicamentos.
"A ideia não é retirar todos os componentes que existem em cada espécie, mas conseguir obter pistas para fazer novos fármacos", afirma a investigadora, frisando que isso poderá acontecer apenas no prazo de vinte anos.
"A ideia não é retirar todos os componentes que existem em cada espécie, mas conseguir obter pistas para fazer novos fármacos", afirma a investigadora, frisando que isso poderá acontecer apenas no prazo de vinte anos.
Há esponjas que só produzem os componentes com interesse para a Ciência em situação de ameaça, por isso, por vezes, é preciso fazê- lo artificialmente, explica, referindo que as aplicações clínicas podem ir desde a produção de anti-virais a anti-cancerígenos.
Todo o material recolhido é sujeito a triagem, descrito e fotografado a bordo, dando oportunidade aos alunos de vários cursos que participam na expedição de colocar em prática conhecimentos normalmente apenas adquiridos dentro das salas de aula.
Fonte: Agência LUSA
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