«A aventura dos alunos do Chapitô que desde segunda feira estão embarcados no navio escola Creoula, a juntar aos treinos do circo as rotinas do mar, termina hoje com um espetáculo na doca do cais de Alcântara, em Lisboa.
À beira rio, em entrevista à agência Lusa, a presidente e mentora do projeto Chapitô, Teresa Ricou, garantiu que a tarde vai ser de circo e de festa para mostrar ao público, aos amigos e às famílias o que têm aprendido os alunos durante os últimos anos.
Entre a margem Norte do Tejo e os mastros do Creoula, o público vai poder ver a partir das 18:30 "um patchwork de tudo aquilo que foi feito nestes últimos anos pelos alunos da escola de artes": "Um verdadeiro espetáculo", garante Teresa Ricou. Desde segunda feira que os novos tripulantes do Creoula têm participado em todas as tarefas do navio, da cozinha às limpezas, da vigia à navegação. O balanço, dizem, é positivo. Esta é uma experiência que não vão esquecer.
Ivo Martins, 19 anos, aluno do 3.º ano, veio para o Chapitô "cumprir um sonho", porque sempre gostou "de saltos e macacadas", e porque fazia teatro desde pequeno: "[A experiência no Creoula] foi engraçada, eu nunca tinha andado de barco durante tanto tempo, dormir num barco. Adorei, foi brutal", contou. O jovem artista fez "vigilância, para ver se vinha algum barco ou assim", esteve na cozinha, "a fazer pãezinhos com chouriço" e acha que "correu tudo bem" porque se "safou" de ir para a copa lavar loiça.
Cátia Faleiro, 18 anos, aluna do 3.º ano, veio para o Chapitô seguir um "interesse de sempre" pelo mundo das artes. A experiência no navio tem sido "fantástica", salvo alguns enjoos em alto mar: "Tem sido uma experiência marcante, aprendemos imensa coisa, a trabalhar em grupo, a desenrascarmo-nos sozinhos, como é a vida no mar, como é conhecer pessoas novas", disse.
O espetáculo, que assinala o início do ano letivo no Chapitô, vai ser, à boa moda do Chapitô, "bom e animado, muito animado", diz Ivo. "Divertido e de encher a barriga. Uma experiência marcante, também", acrescenta Cátia.
Da perspetiva da coordenadora, que, diz, "corria atrás do Creoula há mais de 30 anos", esta experiência foi "uma simbiose muito interessante e uma embaixada cultural": "A bordo tivemos a oportunidade de experimentar não só o risco e as alturas, como no circo, mas também navegar, pensar e sentir a solidão do mar", acrescentou.
Para o comandante do navio, Nuno Cornélio, a iniciativa foi uma oportunidade de continuar o trabalho que o Creoula tem feito até aqui para aproximar os mais novos do mar e "a experiência correu muito bem".
Depois do espetáculo, a tripulação de cerca de 50 alunos que agora se encontra a bordo do navio troca com a outra metade dos estudantes que até aqui estavam na escola, e que vão ficar no mar até domingo.
O Chapitô, Colectividade Cultural e Recreativa de Santa Catarina, é uma Organização Não-Governamental para o Desenvolvimento, e tem estatuto de Instituição Particular de Solidariedade Social».
JYF
Fonte: [Agência LUSA]. * Fotografia de Raquel Sabino Pereira.