Lisboa, 27 Dez (Lusa) - O programa Bombordo exibe sábado um documentário sobre a Lusoexpedição, que levou um grupo de cientistas em busca dos mistérios das ilhas de Gorringe, enquanto se prepara nova edição do evento, desta vez rumo aos cumes submersos dos Açores. O documentário, dividido em dois episódios, retrata a vida a bordo do "Creoula" durante os sete dias de expedição que levou investigadores de várias universidade e um grupo de 35 estudantes até ao Banco de Gorringe, a 500 quilómetros do cabo de São Vicente.
Neste grupo de ilhas, agora submersas mas que há 18.000 anos eram visíveis no Atlântico, esconde-se uma enorme riqueza de espécies, ainda pouco explorada, e que os cientistas procuraram conhecer melhor, recolhendo amostras em vários mergulhos até aos 40 metros de profundidade.
Alguns dos picos tinham sido já investigados por meios de amostragem indirecta, como sonar e dragas, mas nunca tinham sido estudados com recurso a amostragens indirectas.
A Lusoexpedição2006 acrescentou 43 por cento de espécies às que já tinham sido registadas no local, incluindo uma esponja que produz um composto com actividade anti-HIV. Só na fase preliminar, numa primeira triagem das amostras recolhidas, o número de espécies que estavam identificadas no Gorringe passou de 164 para 235, incluindo algas, esponjas, anelídeos, moluscos, crustáceos, equinodermes (ouriços), peixes, répteis e aves, e mesmo uma nova espécie para a ciência, um molusco provisoriamente baptizado Calliostoma creoulensis.
A missão foi coordenada por Pinto de Abreu, vice-reitor da universidade Lusófona e responsável pela Estrutura de Missão para a Extensão da Plataforma Continental, e contou com a participação de biólogos marinhos das universidades Lusófona, dos Açores, Algarve, Lisboa e Amesterdão. Decorrem ainda as análises laboratoriais como triagem e identificação dos organismos bentónicos (que vivem no fundo do mar) e extracção de DNA.
Enquanto isso, a próxima expedição está já a ser preparada. Desta vez o objectivo é novamente mergulhar "no meio do nada" e recolher peixes e invertebrados marinhos nos cumes submersos do Banco D. João de Castro, Banco de Josephine e Formigas (nos Açores). Posteriormente, as amostras recolhidas serão estudadas do ponto de vista genético e na perspectiva de purificar e testar alguns dos compostos produzidos pelos organismos em termos de aplicação biomédica e industrial.
O documentário sobre a Lusoexpedição 2006, da autoria do jornalista José Sacavém e do camera Carlos Vaz, passa às 14:00 no canal :2.
RCR.
Fonte: Agência LUSA
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